Depois de tanto tempo sem estudar não foi fácil iniciar. Quanto mais tempo passa mais difícil é a adaptação. Depois de alguns anos como mudaram as tecnologias de informação, os trabalhos escritos à mão e muitas vezes à máquina, como era tudo diferente do que é agora, a pesquisa era feita na biblioteca ou nas enciclopédias caseiras. A internet veio mudar tudo, mais fácil agora? Muitos poderão pensar assim, mas de certo que a exigência é agora muito maior. Pede-se ao aluno mais criatividade, como é possível fazermos mais e melhor, já existe tanto neste mundo. Criatividade depois de um dia de trabalho é coisa que não abunda no resto de força que ainda temos ao final do dia. Coloca-se a faculdade num link rápido, como uma porta sempre aberta, uma forma rápida de entrar nas salas de aula, sempre de forma pouco contínua, e muitas vezes é entrar e sair. Actualizar a informação, colocar algumas dúvidas e ainda sobra algum tempo para interagir com os colegas.
Como se processa isto tudo de forma que o resultado final seja o melhor possível? Método? Processo? Organização?
O primeiro passo foi mesmo tornar tudo mais real, isto é, imprimir apontamentos, estabelecer calendários de estudo. Agora era só pegar nas centenas de folhas e organizar as leituras.
Como sempre gostei de estudar por manuais e sublinhar, realçar, tive a necessidade de compilar os apontamentos em verdadeiros livros, sou uma fanática por indíces. Sempre que pego num livro técnico a primeira coisa que faço é ler o índice. E penso sempre o mesmo: "como era bom absorver todo o livro só com a leitura do índice. Super Poderes, que idiotice. Então é assim tudo em livro e encadernado com capa e tudo, adoro ilustrações.
Agora sim é estudar, e tentar compreender a matéria. Detesto decorar, enerva-me ter que "encaixar" datas, locais, nomes, talvez por isso tenha sido sempre péssima a História. Adoro compreender, adoro teorias, e gosto quando se resume tudo em esquemas e setas e "bonequinhos" que nos fazem perceber tudo e construir o nosso pensamento. Uso e abuso de mnemónicas para facilitar o minha aversão a decorar. Os meus professores costumavam dizer que eu era cabeça no ar, não daquelas que se esquecem da data do exame, mas daquelas que se esquece que afinal era exame de matemática e não de português. Paciência o dicionário que levo ainda pode dar jeito para saber qual é O teorema de Pitágoras, o azar é ter-me esquecido da máquina de calcular, e ter estudado Fernando Pessoa, em vez de Geometria.
Nunca fui aluna exemplar, e até fui expulsa algumas vezes, não por mau comportamento, mas por aqueles ataques de riso, é que não dá mesmo para parar, e quanto mais nos chamam atenção mais vontade temos de rir. Isso eram outros tempos onde os dias eram grandes e o fim-de-semana era uma aventura com os amigos. Posso dizer que só quando abandonei o ensino tradicional e fui tirar um curso profissional é que entendi o papel do professor, e senti que podemos aprender a fazer o que gostamos. Como eram diferentes os professores. Agora a grande novidade é este método assíncrono de ensino, o estranho que foi e as potencialidade que tem. É interessante a ideia de colocarmos uma dúvida, com tempo para a elaborar, e depois obter uma resposta do professor. Tem sido boa a experiência na Universidade Aberta.
O pior talvez foi a transição de um processo de e-fólios, provas de consulta, para os p-fólios, provas sem consulta. Senti que talvez, em algumas fases, tivesse facilitado no estudo e na realização de resumos de apoio. Mas serviu para corrigir alguns maus hábitos, os seguintes correram melhor certamente.
Sinto falta do cheiro da sala de aula, do silêncio nas tardes chuva, da minha professora primária, e dos melhores amigos do recreio. Foi assim que ficou marcado o inicio do minha aprendizagem.
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