Parece que a minha casa é o jogo do pac-man, e ando a tentar fugir à preguiça. Isto processa-se mais ou menos como este jogo (não sei se conhecem), mal recebo o e-fólio gera-se uma euforia instantânea, provocada pela adrenalina libertada no meu cérebro, neste momento é só apanhar “bolinhas”, sinto-me com a força toda.
Acabou o tempo, começo a sentir uma força que me faz baixar o ecrã do portátil, penso para mim: volto já. Pois é, passaram quase 6 dias desde o volto já, foi só preguiça. É hoje, não passa. Ligo a musica, apago a televisão… espera, vou só ver o email. Click, mais click, envia, reenvia, guarda, e lê mais umas mensagens. Já passou uma hora, agora tenho de preparar o jantar, recomeço, ou melhor, começo a seguir ao jantar. Jantei, e sinto o fluxo sanguíneo a abandonar o meu cérebro e a dirigir-se para o estômago, há trabalho a fazer, acho que comi demais. A preguiça voltou, que sonolência. Nem penses, não passa de hoje. Agora já sinto aquele remorso por deixar tudo para a ultima.
É mesmo assim, esta dentro de nós, tudo no limite, disse-me uma vez um amigo, “Nós portugueses somos assim”. Agora pensando bem já não me sinto tão culpada. Aposto que amanhã, sexta-feira, a papelaria, na minha rua, vai ter uma fila enorme, mesmo em cima das 7 horas, depois de uma semana inteira, só agora se lembraram de ir registar o Euromilhões. Que fila enorme, tenho de pedir licença para conseguir aceder à entrada do meu prédio, “ó menina a fila é ali ao fundo”, já a chegar à farmácia. “Desculpe”, digo eu, “eu só quero entrar em casa”.”Uma casa!”, diz um senhor, “se me sair compro uma rua inteira”. Mais uns encontrões e lá chego a porta de casa, isto é o prato do dia à sexta-feira.
Com ou sem remorso, tenho de acabar o trabalho. A inspiração não tem tecla de atalho no meu ambiente de trabalho, nem conheço nenhum endereço para download. Acho que agora que o prazo está a acabar a adrenalina está a voltar. A adrenalina, definitivamente, é o segredo da inspiração, o nosso organismo é mesmo magnifico.
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